sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Relato de Parto (2/9) - VBAC Domiciliar – Valentina – 21.04.2016

Parte 2



A chegada de Valentina


Agosto 2015. Fomos surpreendidos por uma nova gestação. Era esperado, desejado, mas não planejado para o momento. Eu estava no auge da produtividade. Foram nove meses muito ativos, liderei uma equipe e conclui um segundo curso superior nesse período. Sentia-me cansada, pesada e temia uma gestação de alto risco que comprometeria meus planos de parto domiciliar. 


O anúncio da boa nova... :)


A escolha por um parto em casa envolve uma série de variáveis. Demanda estudo e empoderamento. Nem sempre eu estive segura de que esse seria nosso caminho, até que batemos o martelo com 24 semanas de gestação. Esse seria nosso plano A. Seguimos o pré-natal com GO e enfermeira, e conforme a gestação avançava fomos consolidando nossa história. 

De posse de todo conhecimento que busquei nesse intervalo entre as gestações, me senti verdadeiramente protagonista do meu processo, tanto que nas semanas finais, com a possibilidade de um bebê macro e uma cesárea anterior, me senti confortável para recusar a sugestão de descolamento de membranas como um auxiliar indutor do parto. Ela viria naturalmente, eu sabia.



PRODROMOS


Quarta-feira, 20 de abril de 2016. 40s+1. Eu já vinha sentindo ensaios vigorosos nas últimas semanas. Contrações de BH poderosas deixavam um gostinho de quero mais, de chega logo. Mas nesse dia algo amanheceu diferente. Eu já estava a 9 dias de licença maternidade, mas foi o primeiro dia em que eu consegui ficar sozinha em casa relaxando.
No dia anterior, dediquei meu tempo para a Maria Julia. Ela não foi para a escola, brincamos, pintamos, e em mais de uma oportunidade senti que se tratava de nossa despedida enquanto mãe e filha únicas. Chorei muito. Cantei, chorei, cantei mais um pouco. Orei. Pedi pelo meu milagre com muita vontade. No Face, um vídeo do louvor “Ressuscita-me” da Aline Barros “pulou” na minha TL e me tocou profundamente. Foi escrita para esse momento da minha vida, certeza!

Nessa manhã de quarta-feira, as habituais contrações também mudaram de característica, agora a dor, que antes se concentrava na barriga, passou a irradiar de maneira intensa na região lombar. Elas vinham a cada meia hora, durando cerca de 40/50 segundos, mas eu sabia que eram um bom sinal, sabia que eram ondas características de um trabalho de parto que poderia engrenar a qualquer momento. Decidi não cronometrar e seguir vida normal, me deliciando com a sensação de que meu corpo estava trabalhando.

Ainda pela manhã terminei de assistir The Red Tent, série (baseada no livro de Anita Diamant) que me foi recomendada por uma amiga, como sugestão de que toda mulher grávida deveria assistir. Nela, mulheres compartilham rituais e suas vivências numa tenda vermelha, transmitindo um legado de amor e cumplicidade, que as acompanha durante toda sua vida. Nem preciso dizer que chorei horrores. Tocou-me profundamente. Relembrei do meu chá de bênçãos surpresa, minha caixa de bênçãos, os mimos e mensagens de apoio e incentivo que recebi. Peguei a primeira roupinha da Valentina, cheirei, apertei, chorei. Pedi que ela viesse, queria senti-la, tocá-la, amá-la.

No fim da tarde fiz um ultrassom. Tanto o GO quanto minha EO, Lia, recomendaram que eu realizasse tendo em vista a perspectiva de um bebê grande. Com 37s, Valentina estimava 3500g. Eu não queria fazer, porque sim, eu temia um bebê grande demais. Não pela via de parto, porque eu acredito na força da natureza, mas pela possibilidade de um bebê muito grande inviabilizar um parto domiciliar após cesárea. Não que exista um limite formalmente estabelecido, mas o tema me trazia certa apreensão, mesmo conhecendo casos de outros VBACs de bebês macro. No US a grata surpresa, estimativa de 3900g, informação que me relaxou e me deixou confiante de que nossos planos seriam mantidos. Antes de contar as boas novas a parteira, resolvi monitorar algumas contrações. Vinham a cada 20 minutos, doloridas, mas suportáveis.

À noite fiz minha habitual caminhada pelas ruas do bairro. Brinquei de pular meio fio, já que não tinha uma escadaria para me estimular. Passou o carro do churros e eu senti vontade. "nasce bebê, para eu poder comer um docinho logo". Jantei, banhei e intencionava dormir cedo, já que precisaria dessas horas de sono, caso o TP engrenasse. Por volta das 23h30 troquei a última mensagem com a Lia, contei que minha lombar já não parava de doer, uma contração a cada 10 minutos.  Ela animada, pediu para eu avisar quanto estivesse 1 a cada 5 minutos.

“Você está tranquila?” perguntou ela.

“Sim, muito!”



E na promessa de mais notícias adormeci relaxada e feliz.

Lia (EO) e Maju: Pré Natal em casa, um conforto!
20.04.2016. Nossa manhã última manhã de mãe e filha únicas. Chamando a irmãzinha.




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