sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Relato de Parto (3/9) - VBAC Domiciliar – Valentina – 21.04.2016

Parte 3


O DIA P

21 de abril de 2016. 1h36. Acordei para o habitual xixi. Sentada no vaso sanitário senti a primeira contração. Era forte, doía o baixo ventre e irradiava para a região lombar. Passados 5 minutos outra, mais 5 minutos outra. Eram fortes. Saí do quarto e posicionei em quatro apoios na chaise do sofá, onde troquei as primeiras mensagens com a parteira. Ela viria me avaliar. Tinha medo de acionar a equipe com alarme falso, mas eram tão doloridas e próximas que não seria possível. Douglas dormia no quarto da Maju e curiosamente acordou ao mesmo tempo. Depois de um carinho, foi em silêncio organizar a louça da pia (rs). Mandei mensagem para a Renata, minha doula, com intenção de alertá-la para a possibilidade de um TP, que poderia precisar dela mais tarde, e fui para o chuveiro tentar acalmar as coisas, quem sabe desacelerar a intensidade, pois estávamos apenas começando e eu sentia que entrava em uma avalanche. Após 15 minutos da primeira contração já sentia uma a cada 3 minutos. Fortes, muito fortes. Fiz um áudio para a Lia com intuito de que reconhecesse o TP na minha voz (voz de TP é infalível rs). Já não conseguia contá-las.

No chuveiro apoiei na bola e deixei a água cair sobre a lombar. Mas também sentia dores no baixo ventre, e a água que caía não dava conta de acalmar os dois lados. Então, fiz um áudio para a doula: “Renata, vem pelo amor de Deus!” Saí do chuveiro e voltei para a sala. Pedi ao Douglas uma massagem. Sentei apoiando os braços nas costas da cadeira e não consigo lembrar-me se gostei. Ele conta que não (rs). Na verdade eu já nem me recordava dessa massagem até ele me contar recentemente.

Passado cerca de meia hora Lia chegou em casa. Nesse ponto já preciso admitir que as lembranças são, em parte, confusas, não sei se conseguirei reproduzir a ordem cronológica dos fatos de forma fidedigna. Eu já havia voltado a me apoiar no sofá. Ela pediu para ver minha linha púrpura e estimou que já deveríamos estar entre 5/6 cm. “Uau, TP ativo!”, pensei. Voltei ao chuveiro e num tempo que não sei estimar, minha doula surgiu na porta.

“Rê, dói muito, faz a sua mágica”

“Quem dera eu pudesse” respondeu com seu melhor sorriso acolhedor. 

Tão logo me auxiliou a encontrar uma posição no chuveiro, senti frio e ela cobriu meus ombros com uma toalha.




Gosto de caracterizar meu TP em 3 "fases" ou "períodos". A primeira eu chamo de Avalanche, fui arrebatada e arrastada por algo maior, cujo controle não me pertencia. 

As contrações vinham rápido demais, o chuveiro não dava conta de relaxar. Não sei quanto tempo fiquei ali. Na cabeça um turbilhão: expectativas dor. Mal havia passado uma hora de trabalho de parto e já sabia que não teria nenhuma foto sorrindo ou mesmo a clássica foto registrando a dilatação com os dedos. Eu estava pronta, confiava no meu corpo e sabia que poderia doer muito, mas não esperava iniciar com tamanha intensidade de contração. Aquela altura já vocalizava com vontade. 




Eu só pensava em desacelerar a coisa, “tá muito rápido, tá muito rápido!”, não estava no script! (Rs)



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