segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Desmame noturno - Parte I (lá se vai mais um pedacinho de cordão)

Olá!

Eu já contei AQUI um pouco sobre nossa história de aleitamento materno/amamentação, dificuldades, facilidades e nossa expectativa de desmame a partir dos dois anos. Bom, os dois anos estão chegando, o desmame bateu em minha porta, e eu abri! Evidente que amamentar até os dois anos ou mais não era uma regra, mas sempre foi um desejo forte. Contudo, sabia desde o início que minhas convicções pessoais e profissionais eram fortes o suficiente para não me permitir o "ou mais" (de dois anos). Mas não fizemos planos, deixamos o coração guiar nesses 1 ano e 10 meses, ainda que a coisa se prolongasse...

Ocorre que, de uns tempos para cá, talvez uns dois meses, amamentar foi gradualmente adquirindo um gostinho diferente. Aquela disponibilidade interna absoluta, aquele prazer em estar ali, nutrindo física e psiquicamente através da amamentação foi adormecendo, e no lugar foi surgindo uma curiosidade, uma ponta de desejo de que a demanda dela pelo peito diminuísse. Em certos momentos, vislumbrei um mundo onde eu não mais amamentava a Maria Julia. Entranho, né? SQN! Eu chamo de natureza perfeita! Já disse que acredito no tempo de cada dupla (na verdade trio, né? Afinal, papai também faz parte dessa dança!), e o nosso tempo talvez estivesse chegando ao fim.

Evidente que foram semanas tortuosas, dúvidas, choros (de minha parte), insegurança...só as mães que valorizam a amamentação como eu entenderão a intensidade da dor que essa separação provoca. Como escolher o último mamá? Claro que a fofinha toda esperta, percebeu minha ansiedade e passou a me solicitar muito mais (peito, peito e mais peito!). Não queria forçar o desmame, mas sabia que minha expectativa de que, magicamente, um dia ela acordaria e não mais pediria o peito tinha grandes chances de fracasso. Da mesma forma, sei que jamais faria um desmame abrupto, desses onde deixamos a criança 3 dias chorando dias no berço, com a vó, tia, prima, seja lá quem for. Eu não seria capaz.


AMOR

O tempo foi passando e meu desconforto aumentando. Precisava decidir entre forçar a barra (para mim) ou ouvir a voz interna que me dizia que talvez seria o momento de começar a separação (relevem o cunho psicótico dessa afirmação, hehehe). Ademais, particularmente entendo como mais prejudicial a dupla mensagem da mãe que oferta o peito, mas internamente não está disposta a amamentar (apressa a criança, grita, tira o peito abruptamente e mantém humor irritado antes, durante ou depois de amamentar), do que o desmame planejado e gradual, realizado com carinho, com respeito e amor, muito amor!

Assim, aceitei esse sentimento crescente e essa verdade dentro de mim: eu já não estava mais tão disponível, especialmente no período da noite. Chegou o tempo de ouvir os sinais, de crescermos, ela e eu.  Sei que fiz o melhor que pude, peitando (literalmente)  as adversidades do dia (como lidar com a reação de pessoas na amamentação em público, arranjos de horário de trabalho, etc) e também as adversidades da noite (sono, sono, cansaço e mais sono). Faria tudo de novo. Faria com a mesma alegria, o mesmo amor, a mesma dedicação. Cada minuto valeu a pena.

Olho para traz feliz, inundada pelo sentimento de que foi especial, maravilhoso e único, assim me sinto fortalecida para avançarmos. Há 14 dias demos o primeiro passo, iniciamos o desmame noturno...

Continua... (ao melhor estilo seriado americano)


Nenhum comentário:

Postar um comentário